quinta-feira, 11 de maio de 2017
Às maio 11, 2017 por Unknown Sem comentários
"Eu sei que só tenho um minuto para vocês gostarem de mim", sentenciou o conhecido escritor António Mota perante o público adolescente, que preenchia completamente o auditório da Escola Básica de Ribamar, na manhã de hoje. E foi em menos de um minuto que o autor conquistou os muitos rapazes e raparigas do 2.º Ciclo, que já conheciam muitos dos seus livros destinados à faixa infanto-juvenil.
Num discurso muito acessível, António Mota partilhou com a jovem plateia pedaços da sua infância, passada numa aldeia de Baião, numa época em que tinha de andar quatro quilómetros para assistir às aulas na telescola. Neste período, tão diferente do que atualmente vivemos, o jovem António Mota, apesar de não ter um único livro em casa, descobriu o prazer da leitura nas bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, que formaram muitos leitores em todo o país.
Revelou que, lá pelo 7.º ou 8.º ano, sentiu que "era diferente", gostava mais de ler do que fazer aquilo que os colegas faziam. "Foi aí que os livros se tornaram os meus melhores amigos", disse.
Sempre em diálogo com o público, mostrou como construía pequenos cadernos, nos quais escrevia os seus pensamentos mais íntimos. A partir dos 14 anos começou a escrever "mais a sério" e aos 20 anos, já como professor, editou o seu primeiro livro.
Perante um público curioso e muito atento, o autor revelou que as vivências na aldeia inspiraram algumas das suas obras, como "Pedro Alecrim", um jovem que partilhava "os seus dias entre a escola, as brincadeiras com os amigos e o trabalho no campo para ajudar a família".
A adolescência e as inquietudes que lhe são próprias, nomeadamente as questões do preconceito e discriminação, também inspiraram António Mota, que deu o exemplo de uma aluna, alvo de troça pelos colegas, na qual se baseou para criar uma personagem do livro "A Turma do 6.º F".
Já perto do final da sessão António Mota deixou um conselho aos jovens: "Para começarem a escrever, devem ler, ler muito". "Todos os livros são importantes", disse. E terminou com uma frase reveladora da empatia que sentiu com o público: "Vocês são maravilhosos".
A ilustração e o desenho
estiveram em destaque na sessão "Nem só de texto vive o livro", que
decorreu já no período da tarde, no auditório da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos (EB
23) de Miragaia, reunindo as ilustradoras Ana Bossa e Margarida Botelho e a
designer Maria João Lima.
Apesar de terem apostas
estéticas e experiências muito diferentes, estas autoras transmitiram ao jovem
público uma visão comum. Uma visão abrangente do mundo, que lhes permite
absorver várias influências, posteriormente transpostas para os seus trabalhos
visuais.
Ana Bossa partilhou com a assistência
o seu percurso no universo da imagem. Disse ser fascinada pela cerâmica e pela
criação de personagens e peças, que contam pequenas histórias. O desejo
crescente de pôr essas personagens a mexer, levou-a ao mundo da ilustração e,
mais tarde, ao cinema de animação.
A autora deu ao exemplo das ilustrações presentes no livro "O Homem
Corvo", de David Soares. Nesta criação do ambiente visual da obra usou objetos feitos de cerâmica e materiais simples e do dia-a-dia.
Ana Bossa falou ainda sobre
a sua experiência no cinema de animação, nomeadamente na realização dos
telediscos Cinegirasol e Fundo da Garrafa da banda Azeitonas, nos quais recorreu, uma vez mais, à cerâmica para construir as personagens que dão vida a
estas histórias musicais.
Já Maria João Lima começou
por dizer que não sabe desenhar, mas que, desde muito cedo, desejou ser designer
gráfica.
Fascinada pelos materiais usados pelos trabalhadores gráficos - os lápis, canetas, réguas, compassos e estiradores - Maria João estudou e alcançou a sua grande meta, licenciando-se em Design de Comunicação. Trabalhou em vários ateliês e empresas de design. Atualmente é freelancer e a maior fatia do seu trabalho está relacionada com capas de livros, paginação e arranjos gráficos, no plano editorial.
Deu alguns exemplos do seu trabalho, mostrando, entre outras, as capas dos livros "O Caso do Cadáver Esquisito" ou "Cem anos de solidão", de Gabriel Garcia Marquez, da editora D. Quixote, nos quais é notória a sua marca visual.
Fascinada pelos materiais usados pelos trabalhadores gráficos - os lápis, canetas, réguas, compassos e estiradores - Maria João estudou e alcançou a sua grande meta, licenciando-se em Design de Comunicação. Trabalhou em vários ateliês e empresas de design. Atualmente é freelancer e a maior fatia do seu trabalho está relacionada com capas de livros, paginação e arranjos gráficos, no plano editorial.
Deu alguns exemplos do seu trabalho, mostrando, entre outras, as capas dos livros "O Caso do Cadáver Esquisito" ou "Cem anos de solidão", de Gabriel Garcia Marquez, da editora D. Quixote, nos quais é notória a sua marca visual.
Falou ainda de alguns desafios que
tem aceite ao nível da ilustração, nomeadamente dos livros "O Manel e o
Miúfa, o medo medricas" de Rita Taborda Duarte e "A Cantora
Deitada" de Sandro William Junqueira. Disse ainda que contorna o
facto de não saber desenhar, utilizando o design digital e a fotografia, entre outras técnicas e recursos que a ajudam a transmitir a sua mensagem gráfica.
A última das intervenientes,
Margarida Botelho conduziu o público a uma
viagem que fez pela Amazónia e que constituiu o ponto de partida para a criação do livro Yara /
Iara.
Arquiteta, ilustradora e
arte educadora, Margarida Botelho deu a conhecer o seu espírito curioso e viajante, que a levou a fazer um interrail (viagem de comboio pela Europa) aos 17 anos. "Uma experiência reveladora. De repente percebi que havia
várias formas de ser gente", disse.
Em agosto de 2012 concretiza um sonho antigo.
Viaja com o companheiro Mário até uma aldeia indígena da cultura Kayapó, na
margem do rio Iriri, que está ameaçada pela construção da terceira maior
barragem no mundo.
Aí viveram um mês inteiro,
sem falarem a língua e sem qualquer tipo de ligação ao mundo moderno. A comunicação foi feita por desenhos.
Através de desenhos explicaram de onde vinham e assim continuaram a fazer ao
longo da sua estadia.Foi pelas artes plásticas que
estabeleceram pontes com esta comunidade.
Por fim, é de salientar esta sessão contou com a presença de largas dezenas de alunos, que foram colocando questões no decurso das apresentações, revelando bastante interesse e curiosidade pelos temas e assuntos abordados.
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