Ler é Viver (Outras Vidas) - De 9 a 13 de maio de 2017

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Às maio 08, 2017 por Unknown   Sem comentários



«Não sabia que a Florbela escrevia.
Este é o comentário que mais ouço ultimamente. E para dizer a verdade, eu própria também não o sabia. Não me lembro do dia, ou propriamente do momento em que decidi escrever.
 Lembro-me contudo de ser absolutamente viciada em leitura desde sempre.
Nos anos 80, dirigia-me à Biblioteca Itinerante para alugar livros, que “devorava” em poucos dias.
 Desses tempos, marcaram-me livros como “Os Filhos da Droga” de Cristiane F. (que li às escondidas por a minha mãe achar que era muito pesado para a minha idade) e uns anos mais tarde “Pássaros Feridos” de Colleen McCollough, um fantástico romance épico, que se desenrola na Austrália na primeira metade do sec. XX..
Lembro-me também de quando lia uma boa história, parava para contemplar a imaginação e a capacidade criativa do autor(a).
Casei cedo, consequentemente cedo fui mãe, e cedo entrei no competitivo mercado de trabalho. Seguiram-se duas décadas em que que a literatura deixou de fazer parte do meu quotidiano.
 Ao completar os 40 anos, fiz um balanço do meu percurso pessoal, e senti que felizmente tinha atingido as principais metas como ser humano; tinha uma carreira profissional promissora, os filhos estavam quase criados, e já tinha assumido vários projetos sociais, nomeadamente a fundação do Grupo de Teatro de Ribamar, a criação de eventos como o Carnaval de Ribamar, e até tinha passado pela singular experiência de ter sido Primeira Dama dado o meu marido ter sido presidente por quatro anos desta Freguesia.
 Por coincidência ou não, em todos estes projetos, a escrita esteve sempre presente, onde tive o privilegio de escrever artigos para jornais, discursos, peças de teatro e uma biografia.
Há 3 anos atrás, esta paixão pela escrita falou mais alto, e deixei embrionar a ideia de o fazer a sério, lançando-me na mais ousada aventura da minha vida, escrevendo um livro. Sim, um livro a sério!
 De início não dei demasiada importância ao projeto, e cheguei a pensar que mesmo que não o conseguisse editar, fá-lo-ia para oferecer aos meus filhos. Só que ao apresentar a ideia à família, o apoio foi tal, que me senti realmente comprometida em realizar o meu sonho: editar um livro.
Pesquisei durante horas, passei imensos serões a escrever, negociei com editoras, esbocei maquetas para capas, etc...e a partir daí, o resultado é aquilo que os meus amigos têm à vista.
O lançamento deste livro [Filha da Lenda] foi um sucesso, assim como o tem sido a opinião dos leitores.
Quanto ao tema é apaixonante, e sempre tive um fascínio pela pirataria, dadas também as históricos que ouvia em pequena.
Termino, partilhando o quanto escrever é um prazer para mim, e (apesar de não saber tocar musica) quando me sento a escrever, sinto que estou no piano a tocar uma bela partitura de musica.
Sinto-me orgulhosa e grata pela obra A Filha da Lenda. Ouvir tantas pessoas que me dizem que já não liam há muito tempo, ou nem gostam de ler, mas que este livro as pôs de novo a ler, é mesmo o que mais me engrandece»


Florbela Santos

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